ESG: tudo o que você precisa saber sobre o assunto

11/04/2022 | Notícias

Você já ouviu falar sobre ESG? Essa sigla cada vez mais em alta é fundamental para as empresas na sociedade atual. Afinal, ela serve como parâmetro para que sejam avaliadas e valorizadas em seus mercados.

No artigo a seguir, descubra o que ela significa e qual é sua origem. Além disso, confira como está o cenário de investimentos ESG no Brasil e por que eles importam. Saiba também como tornar-se uma empresa ESG. Boa leitura!

O que é ESG?

O termo ESG está relacionado ao mundo dos investimentos. Nesse sentido, ele é aplicado quando um investidor, além dos fatores econômicos e financeiros, também considera os três aspectos dessa sigla para investir em uma empresa ou negócio. Sendo assim ele leva em conta:

  • questões ambientais;
  • questões sociais;
  • questões de governança.

Dessa forma, pode-se alcançar uma análise mais precisa sobre uma organização ou mercado, considerando todos os fatores fundamentais na sociedade de hoje.

O que significa cada letra da sigla ESG?

A sigla ESG é proveniente do inglês, significando “Environmental”, “Social” e “Governance”. Ou seja, as palavras ambiental, social e governança. Por isso, você também pode encontrar esse termo como ASG em português.

Dessa forma, cada uma abarca uma série de práticas atualmente valorizadas, por promover a sustentabilidade econômica e a preservação do meio em que vivemos.

Ambiental

No aspecto ambiental, as boas práticas estão relacionadas à preservação do meio ambiente e uso de seus recursos de forma consciente e sustentável. Assim abarca por exemplo:

Social

Já em termos de fatores sociais, a empresa ESG deverá promover em seu cotidiano ações como:

  • desenvolvimento de boas práticas de trabalho;
  • promoção da inclusão e diversidade na empresa;
  • incentivo ao engajamento dos funcionários;
  • treinamento especializado para os profissionais;
  • garantia dos direitos humanos;
  • busca pela satisfação do consumidor;
  • criação de ações de responsabilidade social;
  • encorajamento da troca entre comunidades;
  • proteção de dados e garantia da privacidade de clientes e colaboradores;
  • segurança do trabalho.

Governança

Por sua vez, a governança está ligada ao funcionamento da empresa em seus diferentes aspectos. Por exemplo:

  • valorização da ética e transparência na gestão;
  • responsabilidade de criação de comitês de auditoria para os processos empresariais;
  • definição da política de remuneração de altos cargos;
  • promoção da independência e responsabilidade do conselho administrativo;
  • busca por um ambiente íntegro, respeitável e não manipulado por questões pessoais;
  • valorização de objetivos coletivos;
  • criação de políticas anticorrupção.

Qual a origem da sigla ESG?

Em 2005, o relatório de iniciativa da ONU “Who Cares Wins” foi lançado, sendo o primeiro documento em que o termo ESG foi usado.

Nele, fala-se da importância desses conceitos, sendo necessário adaptá-los conforme a realidade das empresas, especialmente nos mercados emergentes. Dessa forma, com a aplicação desses fatores será possível ter mais previsibilidade do mercado, o que é de comum interesse a todos.

Isso porque, com empresas mais estruturadas nos três aspectos, não só é possível prever melhor o mercado, mas também gerenciar riscos, o que acarreta em tomadas de decisões mais seguras, conscientes e que gerem boas consequências para todos.

Qual o cenário de investimentos ESG no Brasil?

Com uma grande cobrança internacional, inclusive com as metas de sustentabilidade esperadas para 2030, muitas empresas já se posicionam em relação a ESG.

De fato, segundo o relatório MSCI Investment Insights 2021, da MSCI, empresa especializada em pesquisas de investimentos, dos 200 investidores entrevistados, 73% pretendiam aumentar esses tipos de investimentos, como um resultado da pandemia.

Relacionados a ESG, 79% usavam dados climáticos para calcular riscos e 69% para identificar oportunidades. Já metade dos entrevistados disse que esses fatores são essenciais na hora de escolher os seus ativos.

Sendo assim, é possível perceber como o ESG não é apenas uma moda, mas resultado de uma consciência global e grande pressão de diferentes públicos para que empresas e investidores se adequem a essas novas necessidades, a fim de alcançar um mundo sustentável.

E o Brasil?

Diante do cenário da pandemia, que alterou toda a dinâmica implementada nas empresas e na sociedade, no Brasil também surgiu um grande interesse pela aplicação de medidas ESG.

Segundo estudo da Associação Brasileira de Comunicação Empresarial, 95% das empresas teriam essas práticas como prioridade na agenda. Dessas, 67% contam com uma estrutura para gerir a implementação das mudanças ESG.

Ainda segundo a mesma pesquisa, 58% apontou a pandemia como fator para despertar uma maior consciência sobre sustentabilidade e 62% espera promover ações positivas para a sociedade.

Quanto aos investidores, o interesse também aumenta. Conforme um relatório da companhia XP, existem US $35 trilhões gerenciados por fundos ESG. Destes, US $17 trilhões correspondem aos Estados Unidos, sendo seguidos por Europa, Japão e Canadá, com 34%, 8% e 6% respectivamente.

Já no Brasil, o cenário caminha para um aumento gradual. Em 2020, os fundos de ações ESG não chegavam a 1%. Porém, a tendência é que cada vez mais eles atraiam investidores, especialmente com foco a longo prazo.

Outra característica é que o interesse por práticas com foco em governança, ainda são prioridade em comparação aos pontos ambientais e sociais, algo que também deve mudar nos próximos anos.

Além disso, a prática de greenwashing, ou seja, camuflar ou esconder os verdadeiros impactos que uma empresa tem no meio ambiente, pode manter alguns investidores com receio desse tipo de investimento. Porém, também é um aspecto que tende a ser melhorado, mediante a exigência por posturas mais transparentes das empresas.

Como os investimentos ESG funcionam?

Para quem se interessa por investimentos ESG, é importante compreender como eles funcionam. Basicamente, eles se parecem com fundos de investimentos tradicionais, com a diferença de que as empresas que participam deles estão enquadradas no ESG.

Por exemplo, no caso de fundos, criados para otimizar ganhos e diminuir os riscos, alguns de seus recursos podem estar voltados a ações sustentáveis. Já os títulos verdes, também chamados de green bonds, são investimentos relacionados a alguma ação sustentável. Por exemplo, uma empresa que desenvolve melhorias em energia renovável ou que promove ações de preservação.

Dessa maneira, no caso dos fundos, as empresas participantes são escolhidas com base em diversos critérios de seleção, a fim de comprovar que realmente seguem as práticas ESG. A partir disso, a gestão compra ações dessas empresas com os recursos de seus investidores.

Vale a pena investir em ESG?

As práticas ESG não são pensadas a curto, mas sim a longo prazo. Entretanto, isso não significa menor rentabilidade para quem investe nessas empresas.

Pelo contrário, além dos resultados positivos imediatos, por meio das ações sustentáveis, também ocorre o retorno financeiro; especialmente porque os próprios princípios ESG levam as empresas a serem mais responsáveis e estruturadas.

Além disso, dado o seu rigoroso critério de seleção, esses tipos de investimentos estão sujeitos a menores riscos. Outro ponto importante é que cada vez mais o mundo se preocupa com esses fatores. Ou seja, a tendência é que mais ações dessas cresçam diversificando e valorizando esses investimentos.

Qual a importância de investimentos ESG?

Os investimentos ESG têm um propósito. Afinal, hoje em dia a empresa que toma uma postura mais sustentável alcança melhor posicionamento em seus mercados. Isso porque já há alguns anos o consumidor tem se tornado mais consciente e exigente. Inclusive, cobrando posicionamentos de organizações em diferentes aspectos.

Diferente do que era antigamente, o consumidor continua pensando no melhor produto. Porém, dado ao seu relacionamento mais próximo com as marcas, especialmente pelos meios digitais, deve haver uma compatibilidade para que ocorra a compra. Afinal, se essa pessoa discordar da postura de uma empresa, deliberadamente ela decide não adquirir seus produtos, mesmo que sejam bons.

Dessa forma, a empresa que não segue as diretrizes ESG está bem distante de se aproximar de seu próprio consumidor, podendo, aliás, ser desconsiderada por ele. Diante disso seu valor cai, o que também afasta possíveis investidores.

Além disso, empresas que toma providências para cumprir as práticas ESG podem obter diversas vantagens como:

  • ser reconhecida como uma organização a favor do meio ambiente;
  • atrair o interesse de novos talentos por ser um local bom para trabalhar;
  • alcançar e manter a preferência do consumidor diante de sua postura;
  • destacar-se em sociedade por meio de ações que vão além da empresa;
  • ganhar o reconhecimento de marca com consumidores e mesmo pessoas que não compram, valorizando ainda mais a marca;
  • aumentar o faturamento e ter possibilidades de crescimento como resultado das ações ESG.

Como ser uma empresa ESG?

Para aqueles que querem ser uma empresa ESG, a tarefa é árdua. Isso porque envolve uma série de mudanças e adequações, inclusive, na cultura organizacional. Confira a seguir alguns aspectos que você precisa levar em conta para aderir a esse conceito!

Analise o seu cenário

Não é possível tornar sua empresa ESG, quando não se sabe o que está certo ou errado. Sendo assim, analisar o cenário a fundo é um aspecto importante para identificar oportunidades e falhas no seu processo.

Por exemplo, se você promove a reciclagem e usa lâmpadas econômicas, embora sejam ações simples e importantes, isso não torna a empresa uma seguidora dos princípios ESG. Nesse caso, é preciso listar as pequenas e grandes ações e avaliar o que mais pode ser feito.

Determine o que já faz

Dentro da análise do cenário é essencial determinar o que você já faz e que está dando certo. Por exemplo, em termos sociais não é preciso desenvolver um projeto grande ou de escala nacional. Qualquer ação realizada em sua própria comunidade pode fazer a diferença para as pessoas da cidade, portanto, é válida.

Nesse sentido, se você averiguou diferentes tipos de ações, que são relevantes para a empresa, é possível pensar em como melhorá-las e até expandi-las. Outro ponto a ser levado em conta é a relevância. Ou seja, se para a empresa aquele tipo de investimento compensa e traz, de fato, resultados.

Pesquise o que o público espera

Cada tipo de empresa tem seu público. Porém, independentemente de suas características, todos eles têm um ponto em comum: são consumidores 4.0. Isso significa uma pessoa mais informada, engajada em seu relacionamento com marcas e, portanto, mais exigente.

Além disso, considerando-se que muito desse público pode pertencer às gerações jovens, todos esses fatores são ainda mais amplos, já que uma das características dessas pessoas é a preocupação com ações sustentáveis e a cobrança das empresas.

Sendo assim, é interessante promover pesquisas que possam identificar o que essas pessoas esperam de sua organização. Ou seja, como elas a veem e como imaginam que poderia ser melhor, inclusive, nesse posicionamento diante da sociedade.

Assim, de posse desses dados é possível comparar os pontos negativos e positivos, bem como averiguar se o que está sendo feito está sendo bem-visto, ou se há novas oportunidades de ação para cumprir a ESG.

Adapte seus produtos

Em uma nova sociedade, os gostos das pessoas mudam. Sendo assim, é importante que as empresas evoluam, sem perder a sua identidade.

Nesse caso, não só importa que o que você produz não seja testado em animais ou venha de fontes locais, mas também que atenda não só às necessidades do público, mas suas preocupações.

Por exemplo, depois de um período de pandemia, no qual as pessoas se preocuparam mais com a saúde, produzir alimentos pouco nutritivos e com muitos aditivos pode afastar seu público consumidor. Nesse caso, a solução não é deixar de trabalhar com esse tipo de alimento, mas buscar soluções para reformulá-lo de forma mais saudável e valorizada.

Adquira soluções sustentáveis

Falamos de ações simples e elas, de fato, são fundamentais para as empresas. Nesse sentido, adquirir soluções sustentáveis é uma forma de mostrar que o próprio ambiente interno sustenta o seu posicionamento.

Para isso, vale adotar o uso de equipamentos sustentáveis, tanto para a produção de produtos quanto no cotidiano organizacional. Além deles, pensar em soluções a longo prazo e diversificar as fontes de recursos necessários também é um meio de ser ESG.

No caso da energia, por exemplo, em vez de manter a empresa usando fontes não renováveis ou caras, é possível aderir à energia limpa, como a solar. Com ela, além de aproveitar os benefícios da alta incidência solar no país, também há vantagens em termos financeiros.

Isso porque, devido ao sistema de créditos, é possível economizar na conta de luz em até 95%. Além disso, você garante a independência do sistema e alcança uma alta durabilidade. Isso porque os painéis fotovoltaicos são feitos com alta resistência para funcionar por, pelo menos, 25 anos, conforme seu cuidado e fabricação.

Ou seja, além de se posicionar como uma empresa com insumos limpos, também é possível ser completamente sustentável e alcançar economia sem comprometer a produção.

Ouça os funcionários

Uma boa gestão empresarial sabe a importância de ouvir seus funcionários, a fim de identificar se a empresa está tendo sucesso na gestão dos talentos. Porém, no caso da ESG, isso é ainda mais importante já que a questão de governança é um pilar da empresa.

Nesse sentido, é possível implementar diversas ações para tornar o ambiente melhor, por exemplo:

  • disponibilizar canais de atendimento interno;
  • responder solicitações;
  • promover a resolução inteligente de conflitos;
  • ouvir sugestões de melhorias e reclamações;
  • valorizar a opinião das pessoas em reuniões;
  • promover mudanças reais com base no que foi falado.

A partir disso, a governança pode tomar forma em um de seus principais aspectos, que é a satisfação do funcionário. Mediante isso, a empresa pode alcançar altos índices de retenção de talentos, além do grande interesse de novas pessoas, o que lhe dá uma imagem de local ideal de trabalho, tornando-a referência em seu setor.

Determine a prioridade das ações

Como você viu, a ESG envolve a aplicação de diferentes ações em três grandes ramos. Sendo assim, é possível selecionar vários exemplos que podem ser aplicados. Porém, nesse sentido é preciso cuidado.

Afinal, diante de tantas escolhas, vale considerar o que vai gerar mais impacto para a sua organização. Por exemplo, em uma fábrica de alimentos investir em ações de reaproveitamento da água, seleção de ingredientes naturais e locais e uso consciente de energia para máquinas é bastante relevante.

Já em uma fábrica de papel e produtos relacionados, contar com madeira reflorestada é uma ação imprescindível, já que o uso dessa matéria-prima está diretamente relacionado com a produção e o desmatamento.

Nesse sentido, é importante determinar prioridades porque pode ser que você tenha que equilibrar o orçamento. Ou seja, mediante um determinado valor disponível para as ações ESG, é preciso definir o que mais impacta positivamente para a empresa e procurar sua realização.

Seja transparente

Atualmente, aspectos como honestidade e um posicionamento claro são fundamentais em uma empresa. Afinal, não é pequeno o número de marcas “canceladas” por terem sido acusadas de se contradizer ou apoiar ações que não agradaram ao público.

Sendo assim, independentemente do posicionamento e cultura organizacional, é fundamental ser transparente e deixar claro o porquê a marca toma certas atitudes ou apoia determinadas ações e não outras. Dessa forma, além de cumprir os requisitos ESG, também garante um melhor posicionamento em relação aos investidores.

Ofereça oportunidades

O pilar de governança da ESG envolve a atenção à diversidade e inclusão nas empresas. Contudo, cumprir esses requisitos não deve ser feito apenas porque essa posição seja cobrada, mas sim como uma forma de oferecer oportunidades a todos; ao mesmo tempo em que se atende às necessidades da empresa.

Nesse sentido, implementar ações que apoiem o treinamento e constante melhoria de funcionários, especialmente os que futuramente vão ocupar altos cargos, é fundamental para criar uma equipe diversa e preparada.

Além disso, unindo-se ao social, também é possível criar essas ações nas próprias comunidades da empresa. Por exemplo, por meio de programas de estágios, ações nas escolas e incentivo para que os jovens se interessem e possam estudar essas carreiras, sendo incorporados como talentos no futuro.

Faça parcerias

Foi-se o tempo em que as empresas ficavam fechadas em si mesmas, preocupando-se apenas com seus concorrentes e parceiros de mercado. Na ESG, a colaboração é um dos grandes aspectos sociais. Por isso, é interessante aplicá-los por meio de parcerias.

Nesse caso, elas podem acontecer não só entre empresas do mesmo ramo, mas também com fornecedores e a própria comunidade. Inclusive, ela pode acontecer tanto em relação à produção ou serviço que você realiza, como também em um caráter comunitário e social.

No primeiro caso, comprar matéria-prima de pequenos fornecedores é um exemplo que impacta em sua produção. Já no segundo, doar alimentos de sua empresa ou produtos excedentes é uma forma de contribuir com o bem-estar social da comunidade.

O que não pode faltar em um relatório ESG?

Para quem procura atrair investidores para sua empresa e quer se tornar ESG, é preciso combater o greenwashing. Nesse sentido, na hora de apresentar dados para os possíveis investidores é essencial ter transparência e falar a verdade.

Assim, o interessado pode visualizar que sua empresa está seguindo o caminho certo para a sustentabilidade. Dessa forma, no relatório apresentado existem alguns aspectos essenciais que devem formar parte:

  • composição do quadro de funcionários da empresa em termos de diversidade;
  • histórico de desempenho antes e depois das ações implementadas;
  • comparativo de faturamento;
  • resultados de ações sociais;
  • dados de satisfação de clientes e consumidores;
  • iniciativas sustentáveis em projetos;
  • dados de compensação de carbono.

Ou seja, toda informação relacionada à prática de ESG que possa ser favorável à sua empresa e comprovada por meio de dados reais. Assim, além de transparência e seriedade, você também pode transmitir credibilidade e real compromisso com o que se propôs a realizar.

Muito se tem falado sobre ESG. Aliás, esses três pilares estão presentes inclusive no mundo dos investimentos. Isso porque cada vez mais os investidores consideram não só a rentabilidade de uma organização, mas seu compromisso com a sociedade e com ações sustentáveis. Sendo assim, por meio da aplicação de diferentes práticas e a criação de um bom posicionamento, é possível destacar-se em seu mercado, atrair investimentos e tornar-se uma empresa estruturada para um futuro sustentável.

Gostou do post? Deixe seu comentário e nos conte quais outras medidas são ideais para se tornar ESG!